segunda-feira, março 29

Esfinges

Hoje absorveste a nossa última dose. Arrastaste-te pela calçada, nu e cru. E dedicaste-te às mil orações ocas de sentidos que sempre julgaste disfarçarem as minhas cicatrizes. Pára, meu amor! Em nome de todos os versos de loucura que citas incessantemente, pára! Imploro-te que termines de professar os 7 pecados e que nunca mais ouses chamar-me insensata sempre que te digo que não te amo. Tu, meu monstro do prazer, transformaste-te num vício, no meu carrasco, no meu maior receio, no meu maior medo.
Tendo plena consciência que cometi as maiores imprudências, as maiores temeridades e que tu, para além de infernos e labaredas, és o meu castigo, imploro-te de joelhos pregados no chão que desistas. Desprezo a tua bondade e recordo de unhas cravadas nas pernas que me leste as entre-linhas e que com isso, me mataste de amor e cobiça. Todas as noites te vejo a sacudir lençóis cobertos de actos depravados e hoje não é excepção. Por isso, mostra a piedade que ainda resta em ti e não me imortalizes!
E fixa bem no teu peito que este é o meu último grito, minha extravagância, minha loucura, minha neurose, minha paixão demente.

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