domingo, março 28

Nostalgia

A morte. Essa tão subjugada força natural. Esse mar de emoções e riscos a correr. A morte é uma palavra bonita, até. Tem um sabor agri-doce, sabe bem sussurrá-la entre dentes e língua. É bom pensar nela de vez em quando. Ainda assim, é algo que me deixa completamente acometida de dislexia respiratória. Esta súbita destruição de células sempre foi uma presença constante na minha vida. Desde pequena que me ensinaram que o mais próximo da perfeição que podemos estar é mortos.
Uns extinguem-se por acidente, outros não gostam da rotina que lhes foi imposta e matam-se. Sou um bocadinho cruel em relação ao suícidio. Acho que, quando alguém põe um fim à sua respiração é porque está no auge da sua coragem. Não existe nada mais intrépido que acabar com a sua própria corrente sanguínea! Oh como eu invejo os suicidas...
Há quem diga que a morte cheira a citrinos e que sempre que alguém morre, esse cheiro nauseabundo de insanidade e doença infesta as entranhas das pessoas. Sou sincera, adoro o cheiro a limões, sempre adorei. Mas há um facto que nunca esqueço: quando a minha alma morreu, não senti essa fragrância nos meus pulmões nem o sumo de vitaminas a escorrer-me pela pele.

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