domingo, abril 4

Tentativa da omissão da verdade

«Apetece-me imenso abrir um buraco no peito. Daqueles fundos, de alto a baixo. Arrancar de lá o meu coração e senti-lo a bombear na mão, como se fosse uma bomba relógio»

Por Carolina Duarte.


Dói-me tanto a alma, meu amor. Dói demais, até. E a culpa é tua. É tua, minha neurose que não me deixas inspirar. Tua, que me mutilas as palavras sem dó nem piedade. Só tua.
Sinto-me cansada, fraca, esventrada por dentro e a querer dar parte forte quando tudo está em contraste. Sinto-me cansada por não conseguir cortar o vento com coragem e pôr as cartas na mesa. Sinto-me cansada por estar a derrapar em todos os sentidos e direcções. Sinto-me a morrer. Irónico, não? Eu, que fiquei no esboço de uma intimidade indecente. Eu, que fugi à monotonia da felicidade, sinto as pestanas a pesarem-me e as pálpebras a derreterem em lágrimas de sal. Continuo com um sabor da ferrugem na língua e nem os beijos mais açucarados curam este mal de amar. Se ao menos me largasses a mão e me deixasses voar...

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