-Sabes o que é que mais gosto em ti?
sexta-feira, fevereiro 26
-Sabes o que é que mais gosto em ti?
sexta-feira, fevereiro 19
-Hoje estás eufórica de felicidade. Que se passa?
- Não sei. Acho que ando a morrer por dentro.
Hoje decidi por-me à prova. Esfaqueei nos meus braços todos os teus defeitos. Tentei rebentar a linha com que me coseste os lábios e as cicatrizes parecem não querer sair. O meu sangue corre como um louco e tenta cada vez mais tornar-se imortal. Hoje decidi penetrar-me de amor por mim mesma, levar o meu ego à loucura e sentir que, pelo menos, ainda estou meio-viva. Hoje quis pregar por aí a (nossa) palavra para que a minha mente não apodreça. Adeus meu monstro do prazer.
quarta-feira, fevereiro 17
A (In)satisfação que há em nós
- O amor não se faz. O amor desaba sobre nos já feito.
Não me contento. Não me chega o teu suor a escorrer-me pelo peito. Não me satisfaz o teu quase gemido de dor. Simplesmente não me contento! Falta(-nos) ousadia. Esfregares os teus dedos em mim e lamberes as minhas lágrimas é pouco. Quebrar as tuas costas em dois não basta. Quero mais. Quero desfazer isto que me obrigaste a moldar.
Da última vez que quase que me sufocaste de sentidos, dei por mim a pensar se valia ou não a pena. E eu que julgava que farejar o teu corpo era uma tarefa demasiado dificil para conseguir por a minha mente a divagar... Quero acabar com este tormento que me sussurra aos ouvidos sempre que te aproximas de mim. Preciso de embeber a tua sede e libertar-me só um pouco das tuas garras.
Não me contento. Há uma tão imensa falta de emoções, de sentidos arrojados e sentimentos apurados. Desculpa mas esmagar-te a cara de desejo não basta. Quero mais. Sempre que dizes que estamos acabados, eu ainda não terminei o meu discurso. Sempre que sais deste quarto com plena satisfação a minha alma continua aqui. E sinceramente não me importa o vocabulário ordinário com que comunicamos porque sempre combinámos despir os valores à porta. Contudo, se por vezes não o faço, não é por simples distracção mas pela imensa falta de sentimentos. Sim, para mim o ódio também é gostar só que eu já passei essa fase há algum tempo. Preciso de mais. Muito mais.
Não me contento. Ficar ao teu lado neste chão lamacento e fazer-te correr água pelo cabelo não basta. Cravar-te pregos nos ouvidos e ouvir a tua garganta rasgar-se de tanto berrar não me satisfaz. Sentir a falta de um batimento no teu tique-taque cardíaco perturba-me e confesso-te que me assusta cada vez mais. E eu que adoro a tua falta de humanidade a correr-te pelas veias... Quero mais! Rasgar pedaços da tua língua e ver o teu sangue cair como um louco já não me fascina. Desculpa mas já não me bastas.
Se me desejas tanto quanto eu te desejava dá-me luta, corta-me os pulsos se for preciso, mas por favor, dá-me amor.
terça-feira, fevereiro 16
Espaço vazio
Às vezes dá-me vontade de cair. Dá-me vontade de tropeçar, bater com a cara no chão, partir o queixo e esfolar os joelhos. Às vezes apetece-me jorrar sangue como uma fonte e entrar em coma (induzido) para nunca mais acordar. Às vezes desejo ser violada no meio do chão e vomitar em cima do meu concretizador de sonhos. Às vezes tenho a sensação que beijar o teu corpo demente não chega, que precisava de te arrancar um pedaço de carne e saboreá-lo para ver se sabes mesmo a lã ou se não passas de caril com gambas. Às vezes passa-me pela cabeça a história da minha morte.
Não precisas de horas pornográficas nem de ordens para começar. Avistas-me ao longe e agarras os meus braços exaustos de ti. Ao teu mínimo toque entra em mim um verme e das minhas entranhas defeco o meu amor. Nisto, respiro fundo e morrem de vaidade os meus valores.
Não suporto ver-te engolir a minha saliva. Odeio ver que dessa tua cara de jejum e dessas tuas mãos nauseabundas de terra saiem frutos. Apercebeste-te disso bem no começo. Eu dei-te a matriz logo no ínicio porque afinal, quem sempre comandou as tropas foi a minha força de mulher-esfinge.
Mordo-te a língua e quase que morro envenenada. Quase que me sufocas de sentidos. Quase que me corróis as veias. Por segundos, deixo de inspirar. E tu, carente de amor, cegas-me os olhos com lanças de cristal, como se de uma certa nostalgia fosse eu feita. Cerras-me a vista mas não a audição. O teu tique-taque cardíaco continua e encurtas-me os passos puxando-me, rasgando-me, penetrando-me.
E continuas insatisfeito. Sussurras-me ao ouvido que nao te chega a minha dignidade e gritas. Gritas o quanto queres a minha alma, a minha pura alma. As tuas cordas vocais rasgam-se ao prolongares o teu discurso de homem-esfinge, "Volta-te para mim! Quero-a aqui nas minhas mãos! Dá-ma!".
Afinal que sede de mim é essa meu monstro do prazer? Que promessas eram aquelas de ferocidade, de violência, de rasgões de carne, de frialdades do prazer? Onde está o meu corpo gelado, sujo e pisado? Onde está o tal cheiro a orgasmos e cigarros apagados?