quarta-feira, fevereiro 17

A (In)satisfação que há em nós






- O amor não se faz. O amor desaba sobre nos já feito.





Não me contento. Não me chega o teu suor a escorrer-me pelo peito. Não me satisfaz o teu quase gemido de dor. Simplesmente não me contento! Falta(-nos) ousadia. Esfregares os teus dedos em mim e lamberes as minhas lágrimas é pouco. Quebrar as tuas costas em dois não basta. Quero mais. Quero desfazer isto que me obrigaste a moldar.
D
a última vez que quase que me sufocaste de sentidos, dei por mim a pensar se valia ou não a pena. E eu que julgava que farejar o teu corpo era uma tarefa demasiado dificil para conseguir por a minha mente a divagar... Quero acabar com este tormento que me sussurra aos ouvidos sempre que te aproximas de mim. Preciso de embeber a tua sede e libertar-me só um pouco das tuas garras.
Não me contento. Há uma tão imensa falta de emoções, de sentidos arrojados e sentimentos apurados. Desculpa mas esmagar-te a cara de desejo não basta. Quero mais. Sempre que dizes que estamos acabados, eu ainda não terminei o meu discurso. Sempre que sais deste quarto com plena satisfação a minha alma continua aqui. E sinceramente não me importa o vocabulário ordinário com que comunicamos porque sempre combinámos despir os valores à porta. Contudo, se por vezes não o faço, não é por simples distracção mas pela imensa falta de sentimentos. Sim, para mim o ódio também é gostar só que eu já passei essa fase há algum tempo. Preciso de mais. Muito mais.
Não me contento. Ficar ao teu lado neste chão lamacento e fazer-te correr água pelo cabelo não basta. Cravar-te pregos nos ouvidos e ouvir a tua garganta rasgar-se de tanto berrar não me satisfaz. Sentir a falta de um batimento no teu tique-taque cardíaco perturba-me e confesso-te que me assusta cada vez mais. E eu que adoro a tua falta de humanidade a correr-te pelas veias... Quero mais! Rasgar pedaços da tua língua e ver o teu sangue cair como um louco já não me fascina. Desculpa mas já não me bastas.



Se me desejas tanto quanto eu te desejava dá-me luta, corta-me os pulsos se for preciso, mas por favor, dá-me amor.


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