tag:blogger.com,1999:blog-9305777255720810392024-03-13T05:59:32.184-07:00O mistério dos EsfingesUnknownnoreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-78887204595141320132012-09-20T16:56:00.000-07:002012-09-20T16:56:55.939-07:00A atitude de cada um define a sua moral. Facto.The longer I live, the more I realize the impact of attitude on life. Attitude, to me, is more important than facts. It is more important than the past, the education, the money, than circumstances, than failure, than successes, than what other people think or say or do. It is more important than appearance, giftedness or skill. It will make or break a company… a church… a home. The remarkable thing is we have a choice everyday regarding the attitude we will embrace for that day. We cannot change our past… we cannot change the fact that people will act in a certain way. We cannot change the inevitable. The only thing we can do is play on the one string we have, and that is our attitude. I am convinced that life is 10% what happens to me and 90% of how I react to it. And so it is with you… we are in charge of our Attitudes.<br />
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Charles R. SwindollUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-73753995412511819072012-09-20T16:54:00.000-07:002012-09-20T16:54:18.457-07:00E desde quando é que o sorriso envolve dentes, boca e bochechas?Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contracção muscular da boca e dos olhos. O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exactamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem. Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso. O SORRISO (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contracções musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso.<br /><br /> José SaramagoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-15436439331157881292012-09-20T16:46:00.001-07:002012-09-20T16:46:09.757-07:00Amnésia precipitada<span class="conteudo"><span style="color: #464545;">Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?<br />As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. <br />É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.<br />Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.<br />Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.<br />O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. <br /><br /><i>Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'</i></span></span><br />
<span style="color: #464545;"><br /></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-41470702949105527232010-12-14T12:56:00.000-08:002010-12-14T13:50:01.267-08:00Névoa<strong></strong><br /><strong></strong><br /><strong></strong><br /><strong>- Consigo sentir o fogo a queimar nos teus olhos. Fecha-os.</strong><br /><strong>- E agora?</strong><br /><strong>- O que vês?</strong><br /><strong>- Gelo.</strong><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div align="center"><strong></strong></div><div align="center"><em>Há dias em que me apetece parar</em>.</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-2128772576613048812010-11-02T14:15:00.000-07:002012-07-13T15:32:35.214-07:00A minha escolha<div style="text-align: left;">
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Sinto, falo, penso em ti. Cada segundo do meu dia é passado a recordar todas as palavras premeditadas que soltas e que espalhas pela minha cara sempre que os teus lábios de sábio, de monstro apaixonante me mordem. O meu egocentrismo estanca no começo da tua boca e suplico sempre que me envolvas de mais beijos, de mais língua e que desse veneno nasça um sufoco que anseio em todos os instantes. A minha mente foi invadida por todos os lances, todas as tuas imagens que guardo e das quais não prescindo. Existe em ti um alinhamento, uma forma fixa de gesticular, de ouvir. E, assim que olhas pelo vidro que protege os meus olhos, vejo-te a sorrir.<br /> Há algo em mim que me puxa para te ver. Existe em nós uma obcessão pelo extraordinário que me faz acreditar no que temos em conjunto. E eu recuo. Tenho medo de cair, tenho medo de voltar atrás no tempo e ver um abismo que dispenso saltar.<br /> És tu e esses teus belos olhos azuis onde me queria banhar que depoletam em mim um desejo incontrolável. Mas, mal fecho os olhos concentro-me no que sou e descubro a imensa verdade de que não me quero perder. És tu. És tu e essa cabeça ingénua que me prendem aqui.<br /> Perdoa-me se não confesso o meu nome, mas sei que sabes quem sou, porque me conheces e sentes a minha presença junto a ti.<br />Confesso que tenho inveja. Lido mal com a palavra partilha e quase que morro de ciúme dessa brisa que sopra nos teus cabelos, dessa areia que pisas e nela deslizas. Sei também que muitos te amam e que te fartas de voar nos teus sonhos. Mas não quero que sejas só meu, quero partilhar-te com o resto do mundo e deixar-te flutuar pelo azul de céu selvagem.<br /> Hoje vi-te e tocaste-me, senti-te respirar. Por vezes entras em fúria, quando te nego ao sentir o teu melhor aroma. Mas continuo a admirar-te desde o primeiro dia em que te vi. Essa tua imensidão de palavras, esse teu olhar... invejo-te pois todos os dias vês o nascer e pôr do sol, nunca dormes, és feliz. </div>
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- Tu, oh monstro dos sete mares. És tu!Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-63247874038235084382010-09-11T09:20:00.000-07:002011-05-05T10:31:54.856-07:00A soma dos diasDeixei de tirar fotografias. Eu que sempre gostei de captar e sobretudo conservar momentos especiais em imagens, deixei de o fazer. Eu que andava sempre de mão dada à minha máquina atrás das tuas expressões que insistias em esconder larguei rotinas.<br />Recordo-me que o melhor que consegui captar foi o teu olhar tímido, com um sorriso esquivo e uma expressão um tanto ou quanto eloquente. Algo segura, até. Um olhar distante, como se soubesses o que estava para vir.<br />Eu, que sempre adorei cravar o teu rosto pelo meu quarto, passei a preferir lembrar-me de ti institivamente, como se aquilo já fizesse parte de mim e não precisasse de recursos fáceis, cábulas palpáveis que já não me satisfazem. Essas estão aquém do sentimento que ainda me trazes e ao qual não consigo resistir. Por culpa minha, reconheço. Sou fraca, sempre o fui. Quando falo de ti, perguntam-me, incrédulos, como é possível eu ainda dar ouvidos a fantasmas e há quem se atreva a afirmar convictamente que eu não te ultrapasso por teimosia minha.<br />Não preciso de fotografias para te ver. Nos dias ensolarados olho para a minha sombra e lá estás tu, a espiar-me com um sorriso desconfiado. Afinal, deixei de ser apressada. Passeio, pausadamente, com um peso no peito, tentando tornear, sem sucesso, a obcessão em que te tornaste.<br />Não eras o meu tipo, nem nada que algum dia sonhei ter. Demasiado baixo, sempre demasiado descontraído, mãos agrestes nos bolsos e uma confiança estrondosamente irritante. Pouco te importavas com o que os outros pensavam, ou pelo menos, era essa a impressão que tentavas dar. Um guarda roupa banal, cheio de aprontos e duplos. Eu, exigente, gostava de rapazes seguros, direitos, com o olhar firme e mãos torneadas. Tinhas o teu estilo, cheio de ti mesmo. Sempre com um cheiro irresistível e um relógio elegante. Uma marca clássica. O teu olhar terno e sereno, de quem viu tudo, repousava numa energia enlouquecida e enebriante que transpiravas. Acrescentavas um sorriso picante, algo invulgar. E eu sentia-me estranhamente explosiva por tal privilégio de eleição, perturbada, a imaginar como seria acordar para a realidade.<br />A felicidade consegue ser aterradora. E eu nunca consegui lidar com ela. O que viria a seguir? Que faria eu da minha vida, depois de atingir um objectivo tão promissor? Sempre gostei de dificultar as coisas, criar regras dispensáveis para não acabar com o sabor da vitória tão facilmente. Assim, quando já te tinha, destinei-me a viver sem ti, para que a minha vida não acabasse ali, de imediato. E eu enganei-me. Achei que se usasse truques com o meu coração vencia a guerra. E a bomba estourou antes de qualquer comemoração. Tu não sabias gerir e eu fui feita para ser controlada. Tu preferias um porto seguro e eu agia por impulso. Disse-te que não te merecia. Adorava-te, mas a minha missão nesta vida não eras tu. Não te veria mais. Prosseguiria só. Foi a única vez que te vi chorar. Em silêncio. Já antes não acreditavas nas pessoas, tinhas sempre um pé atrás em relação ao sexo feminino e aceitaste um castigo que não era teu. Conformaste-te mais uma vez.<br />Agora, à noite, aconchegada pela luz indirecta, ausente de sombras tuas, trinco distraidamente um cacau desfeito de nós. Recordo-te num beijo rotineiro de filme falso e mudo de canal. Alheia ao que dele sai, mergulho na imensa verdade que tínhamos tão pouco em comum; que as discussões que não aconteceram eram prenúncio do silêncio que viria a seguir. E que o instinto era a única forma de manifestação viva de interesse mútuo. Lembro-me que as nossas bocas se pegavam e os nossos corpos se encaixavam num amor sem a mácula que era vísivel na tua pele de toque suave.<br />E, ao abrir os olhos, custa-me a acreditar que estou enterrada nesta ausência de ti, cheia de saudade e doença.Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-8649240471375749652010-09-05T10:11:00.000-07:002010-09-05T10:23:55.457-07:00Olhos em fogo- Estás ligada a um Passado. Não importa onde vás, com quem estejas ou o que trazes vestido. És um espectro solto com uma corrente ao pescoço. Optarás sempre pelo caminho mais fácil. Seguirás sempre o rasto da Esperança e desesperarás quando não encontrares uma saída. Irás estar sempre neste sufoco. O<em> Inferno da Saudade irá sempre ser o teu lar</em>. Podes dizer adeus aos teus sentimentos. Esses irão estar aprisionados em mim e nunca poderás tê-los de volta. Muito prazer, <strong>sou o Monstro do Amor</strong>.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-63048315867395932372010-08-24T20:27:00.000-07:002013-03-13T17:59:53.850-07:00(A)gostosFicávamos sempre ali, à sombra de um chorão. Deitados no chão, de cabelos desgrenhados , com as mãos afastadas do corpo, as pernas ternurentas. Deitados, apenas. A ver os nossos corações suspensos no ar, com o céu e o sol como fundo. Tu e eu, dias inteiros. Contávamos todos os episódios dos últimos anos. Íamos conversando, gesticulando língua e dentes à medida que a memória puxava por mais. E ríamos. Tínhamos 15 anos e parecíamos ter 5. E acreditávamos tanto um no outro... Perdemos o rasto ao que sentíamos, foi isso? Por consequência das linhas do tempo, aquilo que nos unia é hoje um fio fininho, como um fio de teia de aranha. Que suporta tudo, dirás. Porém frágil, digo-te eu. Depois, ao final da tarde, pegávamos nos nossos corações e íamos apanhar amoras e comê-las quentes, directamente das silvas. Acabávamos a comparar línguas, a ver quem tinha a língua mais rôxa, ou preta. Depois, para ficarmos iguais, como dois esfinges sem alma, beijávamo-nos e perdíamos a noção dos prazos impostos e quando nos largávamos o sol já dobrava o horizonte e apetecia-nos sempre mais beijos. Que eram doces, como amoras em Agosto. Que voltes. Só quero que voltes. Que me abraces e digas que foi tudo um monstro já morto pelas estações do ano, um momento de fragilidade mais forte do que nós. Que me sorrias e me seques as lágrimas que hão-de chegar-me aos olhos, mal olhe para ti. E que me envolvas nos teus braços.<br />
Depois voltávamos para casa de sorrisos rasgados. Sentia o teu pescoço, batia com as pontas dos meus dedos na tua clavícula e trincava-te o lábio.<br />
No fim, davas-me um beijo na testa e dizias "Até logo, meu esfinge". E eu entrava em casa cada vez mais certa de que eras tu. De que a metade que me faltava tinha o teu nome e o teu cheiro e de que os teus beijos eram tudo o que eu precisava para ser feliz.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-59958022818436196662010-08-16T19:12:00.001-07:002010-08-24T14:30:40.269-07:00ChocolatesLembro-me do dia solarengo em que nos encontramos para beber um café, pensava eu, sabia lá que ias beber era um grilhão colado à minha alma de cristal. E eu nunca gostei de homens sabichões. Mas embalaste-me na tua voz farronca, brincavas com palavras e lançavas-me armadilhas num tom rouco e quente, sorrias-me com desdém e os teus olhos acendiam estrelas brilhantes. Se não fosse tão segura de mim, poderia dizer que me tinhas hipnotizado nesse dia. Fiquei tonta, como uma adolescente. Tinha um sorriso embasbacado na cara. O meu pensamento limitava-se às figuras ridículas, ou não, que poderia estar a fazer e mantinha-me calada. Envergonhava-me a tua segurança, acanhava-me os teus galanteios. Impressionante como o teu cavalheirismo e a tua acomodação no desconhecido me deixava frágil. Passo ante passo, conquistaste-me quando subitamente abriste um saco em que trazias uma caixa de chocolates. Era negra como a minha alma, banalmente em forma de coração, mas subliminarmente brilhante. Um pedaço de céu nas tuas mãos que aumentou a minha fome de ti. Recordo-me que falaste. No entanto, não ouvi sequer uma palavra. Aquelas frases eram como excertos de canções demasiado românticas que sinceramente, me aqueceram o coração. Eram como o sopro do vento, numa alba calma e paradisíaca.<br />Naquele momento, só o teu rosto e os teus braços fortes estavam presentes na minha íris. Aos meus olhos eras bonito, miraculosamente bonito, mesmo não o sendo. Mas perdi-me na tua graça, nas tuas armadilhas.<br />Hoje consigo ver que fui como um chocolate. Abriste levemente as minhas defesas com a gentileza com que tiravas cada pedaço e o desembrulhavas para depois mo dares na boca. Comeste pedaço após pedaço e depois fechaste a caixa, deixando-me tão vazia que só poderia encher esse vácuo com memórias tuas.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-55290034609313210972010-08-11T15:00:00.000-07:002010-08-11T15:04:14.785-07:00NévoaApetecia-me um beijo. Apetecia-me olhar-te nos olhos que se riem e esperneiam sempre tanto. Apetecia-me fixar-te os olhos, aproximar-me de ti devagarinho, sentir-te aproximar de mim também. E beijar-te. Devagar. Suavemente. Os meus lábios perdidos nos teus. As tuas mãos pelo meu pescoço, pelo meu cabelo, por mim. Encorpado. Um beijo encorpado. Com principio, meio e fim. Apetecia-me perder a noção do tempo no compasso dos teus beijos. Sentir-te a boca sedenta, urgente. Sentir-te a língua segura, sincopada. Apetecia-me desmaterializar-me aqui nos teus beijos. <strong>Num beijo tu</strong>. Nós. O primeiro. De tantos. Num tempo de beijos frescos e sorrisos e palavras ditas em tom de sussurro. Num tempo de sintonias e de sílabas à deriva. Num tempo sem murmurios, sem lapsos, sem medos, sem fúrias. Num tempo nosso. A começar. E depois sentir-te a língua que procura a minha e a abraça. Sentir-te a língua que me arrefece os lábios. Sentir-te a respiração cortada, suspensa, e depois largada como num suspiro. Sentir-te morder-me o lábio e dares-me mais um beijo quente. Um beijo urgente, com todo o tempo que falta. Com todo o tempo que temos para beijos, palavras, sorrisos e silêncios. Para o que é e para o que pode ser. Apetecia-me o toque sublime das portas entreabertas, porém quietas. Das portas que abrimos devagar para não acordar fantasmas de que não precisamos aqui. Apetecia-me dizer que te quero os beijos, as palavras, os sorrisos e os silêncios. Que te quero inteiro, com o passado que trazes, com as feridas saradas e as outras ainda por lamber. Que te quero por seres tu, com tudo o que te constrói. E apetecia-me beijar-te devagar. Sentir-me perder-me na amplitude dos teus beijos. Sentir-me encontrar tudo o que trazes escondido e me faz sorrir. Hoje era um dia bom para nos silenciarmos com beijos no entremeio dos lábios sorridentes. Para nos encantarmos e deixarmos que o desconhecido aconteça...Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-58551451369836880732010-07-25T19:17:00.000-07:002010-07-25T21:04:47.355-07:00MágoaEu podia dizer que dos teus dedos saem melodias. E que da tua língua sai o açúcar que me embala nesta inocente insanidade que nos assola a alma. E que das tuas mãos grossas nascem frases e frases que cortam como fogo e que te peço que pares, com receio do que possa vir a seguir. Mas tu não estás. <strong>És apenas um esboço esbatido e ausente</strong>. Que se assume consoante as posições da lua. Que, como os felídeos, se espreguiça em atitude de pecado mortal, desafio perante o mundo. Que, como as cobras, se acomoda enrolando penumbras e envenena, mortalmente, apenas por prazer.<br />Eu podia acomodar-me nesta alienação mental. Podia brincar com os teus caprichos e levar-te ao cume da leviandade. Que, tal e qual, a feminidade das mulheres, adestra os filhos em sinal de afecto. Podia ficar à divina, e - não vás tu pensar que era incapaz de o fazer - responsabilizar-te por todos os abismos que me obrigaste a saltar . Mas não arrisco. Fico meio à deriva neste não-saber-o-que-fazer e dou por mim a vaguear nos meus pensamentos de mulher-esfinge, a duvidar dessa divindade inopurtuna.<br />Eu podia acusar-te das maiores temeridades. Podia perpetuar o teu nome em todos os livros e cravá-lo no peito como sinal de afeição. E podia tentar ficar do lado branco da vida. Podia tornar-me em barco vazio e procurar o teu rio. Podia sugar essa magistralidade que tanto veneram e largar-te. Podia amar-te. Mas tu não estás. Não determinas. Todo tu és uma coisa que me esmaga. Um tremor de terra num passo imortal. Uma palavra dita fora do lugar. <strong>Todo</strong> <strong>tu és consequência</strong>. E não saber o que vem a seguir...<br /><br />Então, em silêncio, dou asas ao complicómetro enquanto te consolas ao sabor dessa tua vida medíocre e faço pé-de-alferes ao cacau que mantenho na boca.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-60836527445035055302010-07-15T14:15:00.000-07:002010-07-15T14:44:12.988-07:00CanelaNem sempre sei dizer desta paixão-demente. Nem dos momentos de fachada que encarcerei na memória, trancados a vinte e uma chaves, impossíveis de perder. Porque nem todos os actos deste drama louco são bons. Nem todas as personagens são vivas e nem todos os pontos são reais. Nem todas as ausências são prenúncio do que virá a seguir. E em cada frase, cada palavra repetida ao expoente da compaixão condensada em quatro paredes arrastam-se as certezas de que o fim está próximo ou pelo contrário, bem escondido nos confins de todo o teu ser.<br />Diante deste espaço a que chamam de realidade, todos somos meros pedaços de pó, sem alma nem corpo. Ausentes. Alegóricos. Sem fim. Como as histórias que se contam com moral no final, aquelas que ninguém sequer entende o propósito. Por vezes, o melhor é não escrever nada. Deixar que seja o tempo a traçar as linhas da vida. Deixar que os gestos nos tornem melhor elenco e que nos façam ver que afinal somos humanos, de carne e osso. Deixar que a voz se solte e que se chore sem medo em qualquer sítio que se esteja.<br />Todos os actos são contínuos. Todas as cenas e falas são verdadeiras. Todos os dias são bons, desde que estejamos vivos. Todos os dias são dávidas. Quando vives e te sentem respirar. Quando guardam o compasso do teu coração no peito e mentem às estrelas dizendo que não te amam. Quando ages e deixas o teu legado para trás. Quando na memória só haverá sorrisos teus. Lágrima nenhuma, apenas sor(risos). É isso que deixas para trás. E é por isso que valeu a pena.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-65446154383085833952010-06-30T07:54:00.000-07:002010-06-30T07:57:05.352-07:00Em todos os beijosQuando te beijo, beijo todas as bocas que antes beijaram a tua. Beijo todas as vidas que viveste sem mim. Tu és os erros, os dias felizes, as decisões certas, as palavras, os arrependimentos, as tristezas, os silêncios, os dias e as noites de que a tua vida se fez.Tu és feito dos momentos que passaste. Foste construído com tijolos de memórias e continuas de pé. Muralha intransponível e maciça. Não posso alterar-te. Porque não posso alterar o teu passado e tu és feito dele. Todo tu és os acasos que viveste. As dúvidas. As penumbras. Todo tu és essa incógnita de não se saber se serias diferente, tivesses tu outro passado qualquer.Se te quero, quero o que viveste antes de mim. Se te amo, amo o que amaste antes de mim. Vivo com as pessoas que te tocaram. Sinto as bocas que te morderam. Oiço as palavras que te disseram ao ouvido. E esta sou eu. Este corpo massacrado de silêncios. Esta ausência de coisas vitais. Este labirinto do meu passado sem o qual eu seria outra mulher qualquer.Existem em ti outros corpos, como fantasmas. <strong>Existem em ti outras vidas</strong>. Que eu beijo cada vez que te beijo a ti. Que eu sinto cada vez que te sinto a ti. Que eu amo porque te amo a ti.<br /><br /><br /><div align="right">Por Nélia Rufino<br /> <br /></div><div align="right">Diz-me, quando é que parámos com a sintonia de lábios? Quando é que deixámos de falar a mesma língua e passámos a ser habitantes de babel, distantes na fala, distantes nos conceitos, distantes em tudo o que outrora nos tornava um só?</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-45332272640241405212010-06-26T15:23:00.000-07:002010-06-26T15:23:26.358-07:00The corner of our love<p><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/q-LTCpc86fw&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/q-LTCpc86fw&hl=pt_BR&fs=1" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></p><p> </p><p> </p><p> </p><p>"<strong>I remember</strong> the corner.<br />The corner of your colour, the corner of your smile.<br />The corner where we kissed.<br />The street corners turning into the corners of the corridor.<br />Into the corners of the room where we lay.<br />The corners of your mouth, of your eyes.<br /><strong>The corners of words we didn't finish</strong>.<br />The corner of your name.<br />On the corner where we parted.<br />I remember the corner." </p><p> </p><p> </p><p> </p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-1724427518520251112010-06-18T16:34:00.000-07:002010-06-20T01:53:01.147-07:00A força das ondasE ali estava ela sentada à espera que o mar o trouxesse de novo. A suplicar às ondas que o engolissem e o arrastassem para perto de si. A rezar aos deuses que lhe tocassem uma balada de volta. Aguardava ali, quieta, pávida e serena que ele viesse e lhe tirasse o sabor salgado dos lábios, que lhe dissesse que o seu lugar era consigo e que nem todas as coisas são certas mas que o seu coração tinha o nome dela cravado a cinzel.<br />Os dias contavam-se e Luna continuava ali, com as pernas cruzadas e os braços apertados com o frio da sua ausência, a rogar pragas às pegadas que ele havia deixado. Desfazia as mãos com lágrimas que lhe escorriam pelo pescoço. E mergulhava. Procurava-o entre as rochas e as algas, entre o medo e a saudade. Largava sangue pela areia e sentia os lábios frios, mortos, carregados de saudade e desespero. Corria. Saltava rochas e dunas apenas para o encontrar. Fugia dos rugidos do vento e tentava derrubar cada segundo com memórias demasiado gastas. Mordia-se. Arranhava-se. Sufocava-se de solidão e cortava o peito com lâminas de luz. Esperava. E por segundos, por leves segundos, sacodia os cabelos negros como tentativa de expulsar o sal deixado pela maresia e pela ausência dele.<br />Vivia de ar e de esperança semanas a fio, alimentava o mar com lágrimas e prantos. E quando achava que não havia nada a fazer, a esperança, essa viúva negra persistente, segredava-lhe ao ouvido que ele havia de voltar. E ela esperava. Desesperava. Sentia uma angústia incalculável, como se tivesse sido baleada no peito.<br />Passaram-se anos e Luna viu as marcas do tempo no seu rosto. Até que, num dia de tempestade viu a morte chegar. Implorou-lhe que esperasse por aquela paixão que tanto anseava receber. E a morte, essa tão maldita perfeição não acatou o pedido dela, levando-a consigo por mar adentro.<br />E aquele amado, aquele monstro dos sete pecados não soube que ela o esperou anos e anos naquela praia. Nunca se lembrou do passado que tinha deixado para trás. E ele nunca veio. Ele nunca chegou.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-82718520160601250772010-05-26T14:38:00.000-07:002010-06-19T20:15:38.269-07:00Words to leave unspoken<div align="left"><span style="font-size:100%;"></span></div><div align="left"><span style="font-size:100%;"></span></div><div align="left"><span style="font-size:100%;"><em></em></span></div><div align="left"><span style="font-size:100%;"><em></em></span></div><div align="left"><span style="font-size:100%;"><em>Mais que o teu olhar,</em></span><em><br /><span style="font-size:100%;">Dói-me a cegueira d'alma</span><br /><span style="font-size:100%;">Este querer e não-querer</span><br /><span style="font-size:100%;">Do teu <strong>silêncio</strong> lacónico.</span><br /><span style="font-size:100%;"></span></em><br /><span style="font-size:100%;"></span><br /><span style="font-size:100%;">Tocaram-se nas mãos como se aquela fosse a primeira vez que as suas mãos se tocaram. Olharam-se nos olhos e, de respiração presa, nervoso miudinho, falaram. E um silêncio maior do que eles engoliu-lhes as vozes. E falaram. Ela disse-lhe sem palavras o amor que lhe fluía por dentro, a vontade de responder a todas as perguntas e as dúvidas que trazia entre os dedos. O medo de resolver todas as equações que o seu coração mantinha. Disse-lhe que não conseguia ler-lhe os olhos e que apesar de alguém ter afirmado que aqueles vidros de mel eram o espelho da alma, não percebia o torbilhão que a engolia sempre que o lia. Escreveu-lhe nos lábios o desejo de que todos os caminhos percorridos, todos os gestos sejam unos. E sabia. Tinha a certeza que lhe pertencia, que cabia na palma da mão dele. E que a vida os tinha juntado para que traduzissem as histórias do mundo, em silêncios por alguma razão. E mesmo com um 'nós' conjugado no pretérito imperfeito, mesmo com a falta de um final feliz sorriu-lhe, <strong>disse-lhe em palavras mudas que o amava</strong> e que aquela sim, era uma paixão das duras que tornava em chamas, o iceberg que trazia no peito.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-75232855252489939672010-05-19T13:32:00.000-07:002010-06-19T20:23:23.795-07:00O avesso do inversoOs calafrios percorrem todo o meu corpo quando ouço o toque das tuas mãos sobre o gatilho. É uma lembrança tão gélida, capaz de trazer o poder de escuta da tua pele sobre a arma. São as lembranças apodrecidas pelo tempo que me fazem temer-te. É a prova (não) viva de que o passado influencia e molda a nossa vida. De uma cor enegrecida pelos nossos defeitos, a arma dançava nos teus dedos num ritmo só teu. Depois de tantos segredos revelados pensava que te conhecia os movimentos mas bastava visualizar a forma de entrelaçar os dedos, para me aperceber do quanto estava enganada. O toque das tuas mãos carregadas de calos e unhas mastigadas sobre a minha possível causa de morte brincava com uma dávida de deuses macabros. O teu sorriso malicioso desenhava-se serenamente, bloqueando-me o olhar. Passava a mão sobre o cabelo e tapava o rosto para não teres acesso aos meus sentimentos. A água salgada dos teus olhos escorria-te por entre o nariz. Quente, amarga como veneno. E, de repente, a dança frenética dos teus dedos parou:<br />- Porque é que não me queres?<br />- Não te escolhi.<br />- Simplesmente assim? Qual é o motivo?<br />- N<strong>ão se pode escolher quem se ama</strong>. - As palavras infiltraram-se lentamente no ambiente e espalharam-se pelo meu corpo. Por mais absurdo ou soberbo que pareça, ainda consegui ouvi-las uma segunda vez. O meu olhar vazio ainda pediu compaixão. Só me lembro de ver a arma apontada para o meu peito e ouvir o teu dedo forte no gatilho, pressionando-o. Quando coloquei a mão direita sobre a ferida mortal, adormeci.<br /><br /><em>Por David Pimenta, (muito) adaptado</em>.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-7673874835242337362010-05-08T09:19:00.000-07:002010-06-19T20:26:51.380-07:00A ausência (do mistério)<span style="font-size:100%;">Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,<br />E o que nos ficou não chega<br />Para afastar o frio de quatro paredes.</span><br /><span style="font-size:100%;">Gastámos tudo menos o silêncio.<br />Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,<br />Gastámos as mãos à força de as apertarmos,<br />Gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.<br /><br />Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.<br />Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro...<br />Era como se todas as coisas fossem minhas:<br />Quanto mais te dava mais tinha para te dar.<br /></span><br /><span style="font-size:100%;">Às vezes tu dizias: <em>os teus olhos são peixes verdes</em>.<br />E eu acreditava. </span><br /><span style="font-size:100%;">Acreditava, porque ao teu lado<br />Todas as coisas eram possíveis.<br /><br />Mas isso era no tempo dos segredos,<br />Era no tempo em que <em>o teu corpo era um aquário</em>,<br />Era no tempo em que os meus olhos<br />Eram realmente peixes verdes.<br /><br />Hoje são apenas os meus olhos.<br />É pouco mas é verdade,<br />Uns olhos como todos os outros.<br /><strong>Já gastámos as palavras</strong>.<br />Quando agora digo: meu amor,<br />Já não se passa absolutamente nada.<br /><br />E no entanto, antes das palavras gastas,<br />Tenho a certeza<br />De que todas as coisas estremeciam<br />Só de murmurar o teu nome<br />No silêncio do meu coração.<br /><br />Não temos já nada para dar.<br />Dentro de tinão há nada que me peça água.<br />O passado é inútil como um trapo.<br />E já te disse: as palavras estão gastas.<br /><strong>Adeus.</strong><br /><br /><em>Adeus, Eugénio de Andrade</em></span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-40348342679716051842010-05-06T11:32:00.000-07:002010-06-19T21:13:38.464-07:00Desabafo: MonstroHabita um monstro em mim. Um amor-ódio em chamas. Uma verdade escondida no meu peito. Nasceu um hábito tão forte, uma realidade tão fugosa e visceral que nenhum tornado nem tempestade a derrubam. Um veneno sufocante que todos os poros da minha pele sugam incessantemente. Um tumor maligno. Uma doença incurável. É uma dúvida constante, um medo pertubador, um sufoco, uma falta de ar tal que nenhuma águia ultrapassa os limites das alturas sempre que os meus olhos te tocam. É uma falta de humanidade. Um vício. Um dilema. Mas ainda não te amo, meu monstro do prazer.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-31094056208275695642010-04-22T13:38:00.000-07:002010-06-19T20:29:08.748-07:00Núvens como claras em casteloEsta foi a tarde em que, finalmente, senti o cheiro a despedida nas minhas fossas nasais. Senti que era a última vez e que por isso, tinha todos os motivos e mais alguns para cravar os joelhos no chão e desatar a chorar. Já há muito desejava que te fosses embora, que me largasses e que nunca mais me dissesses nada. E por mais que encostasses o teu ombro ao meu, por mais que te apertasse contra mim, tinha completa noção que este compasso de espera iria terminar. Era impressionante como o meu tolo coração só te queria a milimetros dele e como eu lhe dava ouvidos..<br />Foi este, o derradeiro. O último pôr-do-sol em que dei por mim a tentar sentir de novo o cheiro a canela e a passado. Cheguei ao clímax só por ver os teus dedos a escorrerem-me por entre os braços, só por te morder a língua e por ter as ondas do teu cabelo a esvoaçar dentro dos meus ouvidos. Apercebi-me que afinal tinha um vazio enorme no meio da palavra segurança e que não era só em ti que a confiança morria mas sim em tudo e todos os que me rodeiam.<br />Foi hoje. O dia em que bloqueei os medos e me dei a conhecer um novo mundo. Ainda assim, perdoa-me ser fraca e não ter a coragem de um lince que o meu corpo de mulher-esfinge deveria ter para te dizer: dá-me ar.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-35608358088496419932010-04-09T15:44:00.000-07:002010-06-19T20:31:39.884-07:00Struggling<em>Para ti, Diana:</em><br /><br />Choro. Choro mil lágrimas e prantos. Corre um rio de água salgada por montes e vales. e celam-se afluentes por passagens nocturnas. Choro de vergonha e de remorços. Tenho uma confissão para te fazer: és a minha <strong>artéria aorta</strong> e sem ti, a minha corrente sanguínea não flui, não cria vida. Com a tua ausência, volto a cair no fundo. Sem o açúcar das tuas palavras, sem o gosto dos teus conselhos, eu morro. Desculpa ser um fardo para ti e não conseguir ver isso porque tenho os olhos permeáveis. Perdoa-me por te colocar sempre numa posição menos confortável e jogar à corda bamba, deixar-te insegura, com o chão a fugir e o peito apertado sempre que vejo um obstáculo. Não há nenhum espelho capaz de me desenhar tão bem como tu. Não existe nenhum pintor que marque nas telas a minha cor como as tuas mãos. E ainda não nasceu ninguém que me confiasse palavras e sentimentos aprisionados na garganta como tu. Por agora, não habita mais ninguém no meu peito que interrompa as minhas lágrimas por entre sussurros soluçados de segredos infidáveis, incontáveis. E isto tudo porque, depois de me moldares e contornares os olhos com tinta preta, depois de ter permitido que entrasses em mim e que em mim ficasses, rebentaste. Rebentaste-me de lágrimas, de sangue, de medo. Rebentaste-me, minha artéria aorta.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-56413701363768298102010-04-07T14:50:00.000-07:002010-06-19T20:32:04.155-07:00<a href="http://2.bp.blogspot.com/_EVRinM8ZlXs/S70KC1fnHUI/AAAAAAAAAE8/8JDNmz-aWJk/s1600/medo+d%C3%B3i.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 436px; DISPLAY: block; HEIGHT: 116px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457529367278591298" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_EVRinM8ZlXs/S70KC1fnHUI/AAAAAAAAAE8/8JDNmz-aWJk/s320/medo+d%C3%B3i.jpg" /></a><br /><p></p><br /><p> ... Corrói-me as veias como um veneno letal.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-31715910697308206202010-04-04T13:23:00.001-07:002010-06-19T20:34:54.984-07:00Tentativa da omissão da verdade<p>«Apetece-me imenso abrir um buraco no peito. Daqueles fundos, de alto a baixo. Arrancar de lá o meu coração e senti-lo a bombear na mão, como se fosse uma <b>bomba relógio</b>»<em> </em></p><p><em>Por Carolina Duarte.</em></p><p><em></em><br />Dói-me tanto a alma, meu amor. Dói demais, até. E a culpa é tua. É tua, minha neurose que não me deixas inspirar. Tua, que me mutilas as palavras sem dó nem piedade. Só tua.<br />Sinto-me cansada, fraca, esventrada por dentro e a querer dar parte forte quando tudo está em contraste. Sinto-me cansada por não conseguir cortar o vento com coragem e pôr as cartas na mesa. Sinto-me cansada por estar a derrapar em todos os sentidos e direcções. Sinto-me a morrer. Irónico, não? Eu, que fiquei no esboço de uma <strong>intimidade indecente</strong>. Eu, que fugi à monotonia da felicidade, sinto as pestanas a pesarem-me e as pálpebras a derreterem em lágrimas de sal. Continuo com um sabor da ferrugem na língua e nem os beijos mais açucarados curam este mal de amar. Se ao menos me largasses a mão e me deixasses voar...</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-51108528698775914102010-03-29T16:37:00.000-07:002010-06-19T20:37:54.809-07:00EsfingesHoje absorveste a nossa última dose. Arrastaste-te pela calçada, nu e cru. E dedicaste-te às mil orações ocas de sentidos que sempre julgaste disfarçarem as minhas cicatrizes. Pára, meu amor! Em nome de todos os versos de loucura que citas incessantemente, pára! Imploro-te que termines de professar os 7 pecados e que nunca mais ouses chamar-me insensata sempre que te digo que não te amo. Tu, meu monstro do prazer, transformaste-te num vício, no meu carrasco, no meu maior receio, no meu maior medo.<br />Tendo plena consciência que cometi as maiores imprudências, as maiores temeridades e que tu, para além de infernos e labaredas, és o meu castigo, imploro-te de joelhos pregados no chão que desistas. Desprezo a tua bondade e recordo de unhas cravadas nas pernas que me leste as entre-linhas e que com isso, me mataste de amor e cobiça. Todas as noites te vejo a sacudir lençóis cobertos de actos depravados e hoje não é excepção. Por isso, mostra a piedade que ainda resta em ti e não me imortalizes!<br />E fixa bem no teu peito que este é o meu último grito, minha extravagância, minha loucura, minha neurose, minha paixão demente.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-930577725572081039.post-52843560368647865752010-03-28T13:46:00.000-07:002010-06-19T21:15:19.504-07:00NostalgiaA morte. Essa tão subjugada força natural. Esse mar de emoções e riscos a correr. A morte é uma palavra bonita, até. Tem um sabor agri-doce, sabe bem sussurrá-la entre dentes e língua. É bom pensar nela de vez em quando. Ainda assim, é algo que me deixa completamente acometida de dislexia respiratória. Esta súbita destruição de células sempre foi uma presença constante na minha vida. Desde pequena que me ensinaram que o mais próximo da perfeição que podemos estar é mortos.<br />Uns extinguem-se por acidente, outros não gostam da rotina que lhes foi imposta e matam-se. Sou um bocadinho cruel em relação ao suícidio. Acho que, quando alguém põe um fim à sua respiração é porque está no auge da sua coragem. Não existe nada mais intrépido que acabar com a sua própria corrente sanguínea! Oh como eu invejo os suicidas...<br />Há quem diga que a morte cheira a citrinos e que sempre que alguém morre, esse cheiro nauseabundo de insanidade e doença infesta as entranhas das pessoas. Sou sincera, adoro o cheiro a limões, sempre adorei. Mas há um facto que nunca esqueço: quando a minha alma morreu, não senti essa fragrância nos meus pulmões nem o sumo de vitaminas a escorrer-me pela pele.Unknownnoreply@blogger.com0