quinta-feira, abril 22

Núvens como claras em castelo

Esta foi a tarde em que, finalmente, senti o cheiro a despedida nas minhas fossas nasais. Senti que era a última vez e que por isso, tinha todos os motivos e mais alguns para cravar os joelhos no chão e desatar a chorar. Já há muito desejava que te fosses embora, que me largasses e que nunca mais me dissesses nada. E por mais que encostasses o teu ombro ao meu, por mais que te apertasse contra mim, tinha completa noção que este compasso de espera iria terminar. Era impressionante como o meu tolo coração só te queria a milimetros dele e como eu lhe dava ouvidos..
Foi este, o derradeiro. O último pôr-do-sol em que dei por mim a tentar sentir de novo o cheiro a canela e a passado. Cheguei ao clímax só por ver os teus dedos a escorrerem-me por entre os braços, só por te morder a língua e por ter as ondas do teu cabelo a esvoaçar dentro dos meus ouvidos. Apercebi-me que afinal tinha um vazio enorme no meio da palavra segurança e que não era só em ti que a confiança morria mas sim em tudo e todos os que me rodeiam.
Foi hoje. O dia em que bloqueei os medos e me dei a conhecer um novo mundo. Ainda assim, perdoa-me ser fraca e não ter a coragem de um lince que o meu corpo de mulher-esfinge deveria ter para te dizer: dá-me ar.

1 comentário:

  1. arrisquei.tentei.perdi26 de abril de 2010 às 14:49

    "As vezes é preciso parar e olhar para longe, para podermos enxergar o que está diante de nós." (John Kennedy)

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arrisca(-te)